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segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A Teoria do Conhecimento

A teoria do conhecimento propriamente dita tem início na Idade Moderna, no século XVII, com Galileu e outros cientistas que, ao criarem um novo modelo de investigação do mundo fenomenal e ao redefinirem o papel das ciências particulares, despertaram nos filósofos uma preocupação com os fundamentos, as possibilidades, os limites e o alcance do conhecimento humano, além de certa reserva aos argumentos de autoridade que prevaleceram durante toda a Idade Média.
Filósofos como Descartes, Bacon, Leibniz, Espinoza, Locke, Berkeley e Hume foram os autores responsáveis pelo surgimento de duas grandes correntes que traduzem o sentido dos tempos atuais: o racionalismo e o empirismo.
O racionalismo fundamenta a sua teoria do conhecimento na supervalorização da razão como o único instrumento capaz de atingir as verdades universais, sobre as quais se assentam as bases de uma ciência pretensamente infalível. Ao passo que o empirismo se baseia na experiência, supervalorizando os sentidos e relativizando as operações subseqüentes da razão, na busca da verdade, cujo caráter universal e absoluto é questionado. Os empiristas têm na realidade concreta e visível os subsídios para a construção do verdadeiro conhecimento.
Para descobrir se é possível alcançar o conhecimento e sua plenitude, a história fornece duas posturas: o ceticismo que afirma a impossibilidade de conhecer a verdade e o dogmatismo que diz o contrário.
Segundo Aranha e Martins (1986:51), embora sejam posturas antagônicas, compartilham uma visão imobilista do mundo: o dogmático atingiu uma certeza e nela permanece; o cético anseia pela certeza e decide que ela é inaceitável.
De volta ao passado, caminhando ao encontro dos filósofos gregos, é possível perceber o predomínio de três tipos de problemas: cosmológico, antropológico e metafísico.
Entre os filósofos pré-socráticos, prevaleceu a necessidade de direcionar o conhecimento para a busca da origem (arché) do universo. Desejavam conhecer e compreender de onde vinha o mundo; quem ou o que o fez; do que era constituído. Voltaram a atenção para os problemas cosmológicos (kosmos, mundo, universo).
Os sofistas, especialistas na arte de bem falar, tinham como finalidade preparar o homem grego para ser cidadão, político, isto é, um habitante da pólis, capaz de argumentar e defender seus pontos de vista, no exercício do cotidiano da democracia grega.
Preocupavam-se em ensinar os homens a falar bem, independentemente da verdade ou falsidade de suas afirmações. É fácil perceber que o conceito da verdade se tornou relativo, impossibilitando a construção de toda e qualquer ciência.
Se de um lado o foco de atenção dos sofistas se dirigiu para os problemas antropológicos (antropos, homem), elegendo o ser humano como objeto de suas preocupações, de outro desvirtuaram a possibilidade de apreensão de conhecimentos verdadeiros, ao transformarem o homem na medida de todas as coisas.
Sócrates (479-399 a.C.), movido pela necessidade de superar o relativismo e o ceticismo dos sofistas e convencido da importância de fazer ciência fundamentada em verdades universais (unus versus allia, uma que se opõe a todas as outras; aquelas que têm validade em qualquer lugar, em qualquer tempo e para qualquer indivíduo), resgatou o objeto de estudo dos sofistas e passou a examiná-lo utilizando um método que se processa em duas etapas: ironia e maiêutica.
Por meio de perguntas e respostas rápidas, Sócrates levava o seu interlocutor a reconhecer o seu falso conhecimento e sua ignorância: Só sei que nada sei. Tal era o objetivo da ironia (do grego eironéia, que quer dizer: eu interrogo com a finalidade de zombar). Despojado das falsas verdades, nasce dentro do homem o desejo de saber, de construir o conhecimento adequado. Dessa forma, através da maiêutica (do grego maieutiqué/tecné, que significa: a arte de dar à luz), Sócrates auxiliava os homens a darem à luz a verdade, fundamento possível de toda ciência.
Os pré-socráticos se detiveram no exame dos problemas cosmológicos; os sofistas e Sócrates, embora motivados por finalidades e objetivos absolutamente diversos, se voltaram para o estudo dos problemas antropológicos. Platão (420-348 a.C.) e Aristóteles (385-322 a.C.) elegeram os problemas metafísicos como alvo da Filosofia.
Platão e Aristóteles, também estavam preocupados com a busca da verdade para fazer ciência e superar o domínio da opinião (do grego, doxa), uma questão vital e polêmica para dois filósofos pré-socráticos: Heráclito de Éfeso e Parmênides de Eléia.
Para Heráclito (535–465 a.C.), a essência do universo reside no movimento. Diz ele: O que existe não é o ser, mas o que vem a ser. Nada há de real, além do movimento. Tudo muda, nada permanece. Dessa maneira, ele inviabilizou o conhecimento, já que não era possível estabelecer qualquer tipo de relação entre sujeito e objeto, ambos em constante mudança.
Na visão de Parmênides (529 – 490 a.C.), a única realidade é o ser. Diz ele: O ser é e não pode não ser. O ser é eterno, imóvel, sem começo e sem fim.
Dessa forma, só o ser existe e só o ser é real e só pode ser pensado e conhecido o que é real: o ser. Para Parmênides, o movimento é aparente e a realidade sensível, uma ilusão. Identifica ser e conhecer: só é possível conhecer aquilo que é.
Não é difícil perceber o problema metafísico que se estabeleceu com ambos os filósofos: a conciliação entre o devir (constante vir–a–ser) e o ser, bem como o valor do duplo conhecimento, quer dos sentidos (Heráclito), quer da razão (Parmênides).
Platão tentou superar essas dificuldades através do dualismo: propôs a existência de dois mundos: o mundo sensível, das aparências, domínio da opinião, onde viviam os homens, e o mundo das idéias, eterno, imutável e verdadeiro, domínio da ciência, do qual o mundo sensível é apenas uma cópia imperfeita. Assim, as idéias se tornaram o único objeto possível do conhecimento.
Ao eleger as idéias como objeto e fonte exclusiva do verdadeiro conhecimento, Platão abriu caminho para o idealismo ou racionalismo idealista, que vigorou a partir da Idade Moderna. Aristóteles, discípulo de Platão, perante a polêmica instaurada por Heráclito e Parmênides, optou por uma solução bastante diferente daquela de seu mestre. As idéias ou essências não existem em um mundo à parte. Elas se encontram presentes em dado ser e podem ser conhecidas por meio da abstração, operação realizada pela inteligência a partir dos dados obtidos pelos sentidos por meio da percepção sensível. Enquanto Platão enfatizava as idéias, Aristóteles reconheceu no mundo das coisas concretas o ponto de partida para o conhecimento do ser, reintegrando no mundo material as essências que Platão havia transformado em modelos ideais e reais.
Assim, a teoria aristotélica se fundamenta no realismo (do latim res, coisa), tendência filosófica segundo a qual a realidade existe independentemente de o homem conhecê-la ou não, e o conhecimento tem origem na experiência sensível, na percepção das coisas reais, concretas e particulares das quais foram extraídas as essências para elaborar os conceitos universais que permitem a elaboração da ciência.
Durante toda a Idade Média, prevaleceu a necessidade de harmonizar a herança filosófica greco-romana com os princípios do cristianismo. Buscava-se conciliar razão e fé.
Os filósofos medievais encontraram em Platão e Aristóteles os fundamentos teóricos para efetivar tal conciliação. De um lado, surgiram os seguidores do platonismo, entre os quais deve-se destacar Santo Agostinho (354 – 430), de outro lado, os adeptos do aristotelismo, cujo maior expoente foi Santo Tomás de Aquino (1225-1274).
O tomismo se caracterizou pela tentativa de conciliar a autoridade da Igreja com o saber aristotélico. A síntese efetivada por Santo Tomás de Aquino, que encontrou em Aristóteles os fundamentos filosóficos para a teologia cristã, dominou o pensamento medieval, essencialmente teocêntrico (Deus como centro de tudo).

Leia mais em: http://www.webartigos.com/articles/7101/1/Da-Teoria-Do-Conhecimento-a-Filosofia-Da-Linguagem/pagina1.html#ixzz1Tmi8o4iW

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